"Quero ser o teu amor amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amor amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias..."
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amor amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias..."
(FERNANDO PESSOA)
Os raios de sol que invadem meu
quarto pela janela entreaberta, aos poucos vão sumindo, como se meu pensamento
tivesse poder e o fizesse entender que não o quero ali. Não é sol que anseio,
não é luz, não é diz azul e quente.
Eu quero o cinza, a tranquilidade
que ele me traz, o vento frio que me toca a pele e dissemina meus poros,
arrepia minha alma, como esses carinhos que recebo pelo ouvido e me fazem querer
viver todos os clichês que existem e se
encaixam tão perfeitamente bem. Que ora ventania, ora brisa, em meio a essa
felicidade, faz o coração parecer saltar, faz surgir esse riso bobo que
permanece e emudece a alma. Essa vontade de achar algo maior que o amor, que
amar... Que consegue fazer
"aí" virar logo ali na esquina. Faz a ausência inexistir e só ser
lembrada, quando tento segurar tua mão do outro lado da linha e não alcanço.
Quando tento descansar minha cabeça no teu peito e não te encontro.É quando
lembro que nunca gostei muito de Geografia e hoje ela parece se vingar de todas
as vezes que foi desdenhada por mim na sala de aula.
E meu afligir começa... E acaba...
Assim que a chuva começa a cair e me embala, como se fosse a mais bela canção, o
doce som dos pingos de encontro a minha janela. E sinto no meu corpo o teu
sorriso, quando a gente descreve meticulosamente como vai ser aquele encontro,
aquele abraço, aquele jantar na cozinha lá de casa, conversando sobre qualquer-coisa-nada-interessante que não
faz diferença nenhuma nas nossas vidas, exceto pelo fato de estarmos comendo um
do lado do outro. Enxergando um ao outro, mesmo que a gente se veja todo dia.
Com todas as caretas possíveis e todas as conversas (in)apropriadas.
E mesmo que o tempo pareça parado,
diante da contagem regressiva de cada segundo que vem tão devagar. Mesmo quando
o cinza do céu se vai e leva a minha paz consigo. Mesmo assim, permanecerei
aqui. Nessa espera silenciosa, nessa agonia absoluta, enrolada no meu cobertor
verde-xadrez, absorta em meus sentimentos e vontades, onde o cinza é sempre
colorido, onde o vento é meu melhor amigo, e onde liquidificador é bem maior que amor.
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