sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Tem certas coisas que eu nem sei dizer...


É estranho essas coisas da vida, né? De um dia estarmos aqui e no outro não estarmos mais. Ontem, estava conversando sobre isso com um amigo, enquanto consumíamos uma garrafa de vinho. Estávamos falando sobre como será daqui a um ano e como foi há um ano atrás. E agora estou aqui, plena seis horas da manhã, me consumindo por esses pensamentos que me entorpecem a alma.
Acordei muito cedo hoje, acho que esse foi o problema. Acordei muito cedo e vi aquelas malas prontas, vi aquele sentimento de despedida mais uma vez de tantas outras que já vivemos. Mas agora tudo é assim tão totalmente diferente. Agora é que parece que ela vai embora mesmo. Mas, é aquele vai embora, sabe? Do tipo adeus! Aquele adeus que me mostra um monte de natal a minha frente, um monte de entradas de ano bom, um monte de aniversário, um monte de datas, festejos e alegrias que não serão mais tão completos.
E olho praquele lugar vazio, tão completamente vazio, onde há meia hora atrás me encontrava e ela também. Onde eu acariciava seu cabelo, enquanto ela olhava assim o movimento da rua, como sempre: tão terna, tão tranqüila, tão presente. E eu ali, acariciava seu cabelo e pedia a Deus que me desse mais um tempinho com ela, coisa assim de mais uns duzentos anos, pra eu poder me acostumar que um dia ela não vai estar mais aqui pra mim.
Só sei que isso me arrasa o coração. Me arrasa o coração, imaginar que um dia vou chegar em casa, abrir a porta, colocar minha bagunça sobre a mesa e perceber que o mundo se encontra muito, mas demasiadamente muito triste. E me arrasa o coração, imaginar viver nesse mundo sem ela aqui. Por que ela tem um sorriso tão bonito. Daquele tipo de sorriso que a gente sente lá na alma. Por que ela tem um carinho tão bom, que acalma todas as tristezas remanescentes. Por que ela tem um abraço tão apertado, e eu me perco em seus braços e só penso que ela não me solte nunca, mas infelizmente ela tem que soltar.
E não sei se foi o vinho ontem, ou ter acordado muito cedo hoje, mas estou assim... Com o coração em saudade. E nessas horas eu bem queria ser adulta. Por que adulto nem parece sofrer com as coisas da vida. Por que adulto sempre olha minhas lágrimas e diz que é besteira. Por que adulto sempre parece que vai ficar tudo bem. Acho que um dia vai ficar!
E...

Só um minuto que ela está a me chamar agora.

- A benção minha vó!

- Deus lhe abençoe, minha filha!

11 comentários:

  1. Este teu texto é daqueles que nos tocam no mais fundo da alma.
    Não concordo que para os adultos seja mais fácil, pelo contrário... alguns perderam a capacidade de sentir e emocionar-se com facilidade, mas não significa que não sejam tocados pelos mesmos medos, sofrimentos e angústias que nós (sim, jamais me irei incluir no grupo dos adultos que se esqueceram do que é sentir sem pudor).
    Pensa em todas as coisas maravilhosas que te ligam à tua avó, afinal, as pessoas que amamos jamais desaparecem, pois vivem dentro de nós.

    Um beijo.

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  2. quando a gente começa a ler, pensa que vc tá se referindo a uma criança e olha só, como diria Anitelli, vc tá falando de uma velhiha, que é criança nascida faz tempo! =]

    Bjm moça
    Aline @-;-

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  3. Bonito o texto. Quando vc for ficando mais velha vc vai ver tantas pessoas indo embora, tantas despedidas, tantos reencontros etc que isso vai acabar caindo no lugar comum. Eu já me despedi tantas vezes de tantas pessoas que sei lá ehh
    Bjãooo

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  4. No começo achei que vc estivesse falando da sua mãe...mas avó não deixa de fazer esse papel algumas vezes! Lindo o texto, fiquei até um pouco triste lendo isso...despedidas são sempre péssimas, é uma das coisas que mais me machuca na vida!
    Adultos sofrem sim, da mesma maneira, mas a gente aprende com o tempo que algumas coisas ficam melhores quando guardadas. É a arte de chorar no travesseiro e sorrir o dia inteiro...se é o certo eu não sei, mas compartilho a dor apenas com aqueles que sei que podem me dar um abraço e respeitar o momento, sem mais!!!
    Bjos e espero que fique tudo bem!

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  5. As pessoas não vão embora, elas sempre deixam um pouquinho delas com a gente, e sempre deixamos um pouquinho da gente com elas, por isso nunca esquecemos delas.

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  6. Lindo...
    engraçado q já na primeira linha do seu texto, eu me lembrei da minha avó tbm.
    "De um dia estarmos aqui e no outro não estarmos mais."

    Lembro-me do dia em q ela foi-se de vez.

    beijos!
    acabei inspirando-me, sabia? rs.
    lindo texto, lindo.

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  7. tenho uma prima que gosto muito, e ela não está morando mais aqui... eu fiquei muito, muito triste, pq ela é realmente uma irmã.
    Mas eu disse pra ela, q de certa forma, me acostumei com a ausência, que não estou mais tão mal.
    Eu já sofri e sofro todo tipo de saudade, a saudade de quando quem vai é voce, a saudade de ficar, a saudade de quem nunca mais volta.
    Essas coisas infelizmente acontecem...
    faz parte da vida. lembre dos momentos felizes, e até mesmos dos irritantes, pq vc sabe que aquilo aconteceu.. está sempre no seu coração e sua memória.

    adorei esse post.. muito, pq parece q fui eu que escrevi.
    beijo, flor!

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  8. perdoaaaaaaaaaaaa!

    vou trocar aquele vermelho, juro!
    volte lá, dará pra ler. prometo.

    beijos meus, querida!

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  9. Esse é o tipo de pensamento que me deixa sinceramente deprimida... tiveu um surto de depressão aos nove anos por perceber que ia morrer... e, bem, creio que a problemática parta daí.

    É o tipo de reflexão que sempre leva a uma coisa maior e para uma agnóstica isso não é algo lá tão bom... xD~


    Bon, c'est tout... =3~
    Beijos!

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  10. Nossa... lindo e triste... despedidas são coisas que não entendo, não gosto, não me pertencem...
    Olha... adulto sofre tudo... e sabe que nem tudo acaba bem... ou quase nada... o que a gente aprende é fechar a porta do coração e sofrer baixinho la dentro... pra ninguem atrapalhar...
    beijos menina!!!

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  11. Ai amiga, que lindo!

    Não imaginava que vc estivesse a falar de tua avó.

    Quase brotaram as lagrimas!

    Bjs Ceisa. Amei o que lí.

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